Branca de Neve, Rapunzel, Chapeuzinho Vermelho. Estes e vários outros personagens dos contos de fadas povoam a imaginação de milhares de crianças há vários anos.

Adaptações literárias e cinematográficas — como as realizadas pelos estúdios Disney – ajudaram a popularizar estes enredos mundo afora, fazendo com que eles passassem a ser admirados por gerações.

Mas você conhece a origem desses contos? Para responder a essa pergunta, é preciso saber quem são os irmãos Grimm. Com esse propósito, nós vamos contar a trajetória desses dois alemães, cuja obra influenciou a concepção de literatura infantil. Para entender melhor a história por trás das histórias, leia nosso post de hoje!

A infância e adolescência dos irmãos Grimm

Nascidos em Hanau — cidade que fica na porção central da Alemanha — Jacob Grimm (1785-1863) e Wilhelm Grimm (1786-1859) são os filhos mais velhos entre nove irmãos, dos quais apenas seis sobreviveram.

Mediante a precária situação da família, agravada pela morte de seu pai, ambos passaram a morar com uma tia. E é durante o Ensino Médio que a vida dos dois rapazes começa a se transformar.

Percebendo a aptidão dos meninos para a análise de artigos, manuscritos e outros documentos, um de seus professores convidou os pupilos para que passassem a frequentar a biblioteca que mantinha em sua residência. É neste momento em que eles têm contato com sua primeira referência literária, Johann Gottfried Herder, autor de uma antologia de canções.

A ocupação do território alemão pela França, em 1807, incitou nos irmãos Grimm a vontade de estudar a Idade Média, mas não com a perspectiva romântica que caracterizava a abordagem deste período até aquele momento.

A ideia, daqueles que viriam a ser reconhecidos como renomados autores de contos, era encontrar, no passado, argumentos que pudessem justificar a situação em que o país se encontrava.

O interesse pelos contos

Desse empenho em promover o resgate da identidade alemã, os então recém-formados irmãos Grimm começaram a buscar suas raízes culturais. A essa altura, supervisionados por um mentor, eles davam expediente em uma biblioteca.

Uma junção de fatores despertou-lhes o interesse pelos contos: além do próprio ambiente de trabalho, que lhes proporcionava o acesso a documentos raros, eles haviam colaborado previamente com um projeto de cantigas infantis.

Em um primeiro momento, os irmãos buscaram por textos oriundos de materiais impressos, mas não demorou para que eles passassem a prestar atenção, também, na narrativa oral. Para concretizar esse objetivo, eles não hesitaram em pedir ajuda a amigos e conhecidos.

O processo de “coleta” dos contos aconteceu entre 1812 e 1857, dando origem a sete volumes. A título de curiosidade, vale ressaltar que, a cada edição, os textos eram revistos.

Era uma vez… o processo de seleção

Para a escrita de sua obra, os Grimm contaram com a ajuda dos parentes do farmacêutico, do vigia e de uma vendedora de frutas, entre outras contribuições significativas.

Embora não cultivassem o hábito de alterar os enredos, os irmãos possuíam o hábito de moldá-los. Em outras palavras, quando notavam que um mesmo enredo era contado por diferentes pessoas, a preferência era dada para a versão mais próxima da original.

Dotados de extrema sensibilidade literária, eles transcreviam as histórias de um modo a torná-las mais cativantes, priorizando as falas diretamente ditas pelos personagens, em detrimento ao chamado discurso indireto, onde as situações eram apresentadas ao público por um narrador.

Algumas peculiaridades da obra dos irmãos Grimm

Agora que você já conhece melhor quem são os irmãos Grimm, façamos uma breve análise de seu legado. Entre os estudiosos, há quem tenha certas ressalvas à aplicabilidade do termo “contos de fadas” para se referir a sua obra.

Em substituição, eles preferem a expressão “contos fantásticos” ou “maravilhosos”, tendo em vista que a coletânea reunia, além de temáticas infantis, lendas, mitos e fábulas, entre outras modalidades de texto, destinados também ao público adulto.

Destacam-se, ainda, outras peculiaridades: entre a primeira e a última versão da coletânea, vários contos foram extraídos ou então “suavizados”. A leitura do volume original, de 1812, certamente chocaria um leitor desavisado.

Isso porque, naquelas páginas, foram descritas cenas de assassinatos e outras barbáries ou comportamentos considerados inadequados. Como exemplo, cita-se a sugestão da madrasta má de “Cinderela” feita às suas duas filhas, que também adoravam infernizar a vida do protagonista.

A vilã sugeriu a elas que cortassem os dedos para que seus pés entrassem no tão famoso sapatinho de cristal, para que, assim, pudessem se casar com o príncipe do reino.

Os contos mais famosos

Aproveitando o gancho, cita-se o fato de que, em outros contos, o mal ou a figura opressora também era representado por uma mulher. Além de Cinderela, o entrecho se repetiu em “João e Maria”, “Rapunzel”. “A Bela Adormecida” e “A Branca de Neve”.

Aliás, há relatos que, nos contos, as madrastas são a personificação de sentimentos negativos, tais como orgulho, inveja e vaidade. Em alguns deles, inclusive, as mulheres más utilizam a magia para conquistar seus objetivos.

Mas, curiosamente, no caso da Branca de Neve, o único poder da Rainha era o de conversar com o espelho, que lhe apresentou a enteada como a garota mais bela de todo o reino.

O legado dos irmãos Grimm

Por tudo o que foi exposto, podemos constatar o quão precioso é o legado dos irmãos Grimm para o universo infantil. Como afirmado no início do texto, vários estúdios e editoras lançaram novas versões desses contos.

Não poderíamos encerrar sem antes reiterar que a literatura brasileira também foi influenciada pela obra dos escritores alemães. Assim como eles, Monteiro Lobato também bebeu dessa fonte no “Sítio do Picapau Amarelo”, ao flertar com figuras tradicionais do folclore brasileiro.

Se você é adulto, provavelmente fez uma viagem no tempo ao ler este texto. Uma série de recordações, proporcionadas por personagens memoráveis, foram reavivadas em sua memória.

Entendeu quem são os irmãos Grimm? Tão importante quanto à contribuição deles, é estimular a leitura desde a infância com as dicas deste artigo. Esta é uma prática que trará muitos benefícios aos pequenos. Se precisar de sugestões, que tal presenteá-los com versões literárias de clássicos como “Branca de Neve” ou “Rapunzel”?